quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Resenha: Precisamos Falar Sobre o Kevin

Sinope: Lionel Shriver realiza uma espécie de genealogia do assassínio ao criar na ficção uma chacina similar a tantas provocadas por jovens em escolas americanas. Aos 15 anos, o personagem Kevin mata 11 pessoas, entre colegas no colégio e familiares. Enquanto ele cumpre pena, a mãe Eva amarga a monstruosidade do filho. Entre culpa e solidão, ela apenas sobrevive. A vida normal se esvai no escândalo, no pagamento dos advogados, nos olhares sociais tortos.

Transposto o primeiro estágio da perplexidade, um ano e oito meses depois, ela dá início a uma correspondência com o marido, único interlocutor capaz de entender a tragédia, apesar de ausente. Cada carta é uma ode e uma desconstrução do amor. Não sobra uma só emoção inaudita no relato da mulher de ascendência armênia, até então uma bem-sucedida autora de guias de viagem.

Cada interstício do histórico familiar é flagrado: o casal se apaixona; ele quer filhos, ela não. Kevin é um menino entediado e cruel empenhado em aterrorizar babás e vizinhos. Eva tenta cumprir mecanicamente os ritos maternos, até que nasce uma filha realmente querida. A essa altura, as relações familiares já estão viciadas. Contudo, é à mãe que resta a tarefa de visitar o "sociopata inatingível" que ela gerou, numa casa de correção para menores. Orgulhoso da fama de bandido notório, ele não a recebe bem de início, mas ela insiste nos encontros quinzenais. Por meio de Eva, Lionel Shriver quebra o silêncio que costuma se impor após esse tipo de drama e expõe o indizível sobre as frágeis nuances das relações entre pais e filhos num romance irretocável.

 (A capa original é mil vezes mais bonita que a capa com base no filme)

Resenha: Antes de mais nada tenho de dizer que é uma leitura dura e difícil, não é fácil ler em cada página os horrores que desde que nasceu Kevin realizou. Eva e seu marido Franklin eram apaixonados, porém um queria filhos e o outro não. Ela tinha uma vida de empresária bem sucedida e viajava pelo mundo todo, não estava disposta a abrir mão de tudo para cuidar de filhos. Mas ao ver o relacionamento abalado, e com medo de perder o marido Eva resolve ter o primeiro filho, e assim nasceu Kevin. Ao narrar o nascimento do filho, Eva nos mostra como Kevin já nasceu odiando o mundo, ele demorou horas para nascer, e ao chegar ao mundo sem chorar não quis saber de mamar no peito da mãe. E ao decorrer do anos, o temperamento de Kevin só piorou. Mas Eva não fica atrás, ela não é o que feinimos como boa mãe: é impiedosa, sarcástica e com o drma de sua vida ficou armagurada. Mas não impede o fato de gostarmos da narradora, você se apaixona por eva pelos defeitos mais que pelas qualidades

Desde o início sabemos que Kevin irá realizar uma chacina, e o foco do livro não é o ato, mas o motivo que levou Kevin a fazer o que fez. Um dos grandes conflitos narrados pela mãe, é o fato do pai não ver do que o filho era capaz. E todo problema que o menino arranjava o pai defendia de uma forma cega. E os problemas foram muitos: Kevin fez o vizinho cair e se machucar de uma bicicleta; fez uma colega do primário que tinha uma doença de pele se coçar até sangrar o corpo todo; fez uma professora perder o emprego a acusando de abusos sexuais contra ele. A narrativa de Eva, nos mostra atos nojentos de Kevin, como por exemplo, se masturbar na frente da mãe. E o pior de tudo, ele jogou ácido no rosto da irmã fazendo ela perder um dos olhos.

Um ano após a matança que o filho realizou, Eva perdeu tudo, só sobrou um apartamento caindo aos pedaços e sem amigos e familiares por perto, a única coisa que resta para ela é visitar o filho na instituição para menores. Durantes as visitas, Eva descobre que o filho é um ídolo entre os menores lá dentro. Mas também quantas pessoas são capazes de matar onze pessoas com uma balastra e flechas? Kevin com suas roupas bem menores do que o número que realmente usa tem orgulho de dizer é o maior e mais jovem assassino de todos os tempos.

O fato ocorrido faz Eva registrar todos os massacres escolares dos últimos anos e chega a uma conclusão: nenhum foi tão quanto o realizado pelo seu filho. Kevin virou famoso e em uma das cartas escritas por Eva, ela relata que fizeram vários documentários sobre Kevin Khatchadourian, ou como ficou conhecido KK. E também fala sobre o último realizado, onde realizaram uma entrevista com ele, e nesse último ele diz que se não fosse ele a vida do país não seria nada, que todos amam ver, ouvir e julgar ele. Que todos deveriam agradecer a ele, e pagar o que várias produtoras ganharam em cima do que ele fez. E afirma não haver culpa e arrempedimentos. Mas quando a mãe pergunta ao filho o por quê de ser poupada para sofrer todas essas reviravoltas em sua vida? A resposta é prática e seca:
"Quando a gente monta um show, não atira na plateia."

Porém, o pior (ou o melhor) do livro fica para o final. Nas últimas duas cartas, Eva nos mostra porque a família esta ausente, e dois anos depois de perder tudo Eva faz a última visita ao filho antes dele ser transferido para um presídio. Nessa última visita, ela pergunta o por quê dele ter feito o que fez, e ele responde pela primeira vez deixando a máscara no chão que não sabe se realmente sabia o porquê. E confirma que tudo que Eva desconfiou sendo como atitudes de Kevin era real, pois nesse último encontro ele devolve para ela a prótese do olho da irmã que retirou dela ao assassina-la. Kevin é um mostro, mas todos os monstros são humanos, e humanos tem sentimentos.

O que torna esse um livro grandioso é a forma com a autora consegue abordar o tema, sem necessesariamente colocar a culpa exclusivamente no assassino, ou sim. É um reflexão que ela deixa para o leitor, de quem é a culpa: da família? Da sociedade? Do assassino? De uma doença? ou simplesmente acontece?  Além disso, existe toda uma crítica para a nossa sociedade atual, Eva também reflete sobre os costumes das pessoas, como por exemplo, o hábito das pessoas de se meterem na vida das mulheres grávidas. Ela até diz mais ou menos que depois que a mulher fica gŕavida, as pessoas acham que ela e a criança são públicas.

Na última página, é revelando ainda mais, Kevin e Eva se perdoam pois entendem que ambos tiveram culpa no ocorrido. E Eva volta em fatos narrados nos primeiros capítulos, reflete sobre tudo o que viveu e escreveu e chega a conclusão que negou durante toda a narração, que apesar de Kevin ter feito tudo o que fez, ela o ama. Precisamos Falar Sobre O Kevin é um livro marcante e deve ser uma leitura obrigatória para todos.


"É só isso que eu sei. Que, no dia 11 de abril de 1983, nasceu-me um filho, e não senti nada. Mais uma vez, a verdade é sempre maior do que compreendemos. Quando aquele bebê se contorceu em meu seio, do qual se afastou com tamanho desagrado, eu retribuí a rejeição - talvez ele fosse quinze vezes menor do que eu, mas naquele momento, isso me pareceu justo. Desde então, lutamos um contra o outro, com uma ferocidade tão implacável que chego quase a admirá-la Mas deve ser possível granjear devoção quando se testa um antagonismo até o último limite, fazer as pessoas se aproximarem mais pelo próprio ato de empurrá-las para longe. Porque, depois de quase dezoito anos, faltando apenas três dias, posso finalmente anunciar que estou exausta demais e confusa demais e sozinha demais para continuar brigando, e, nem que seja por desespero, ou até por preguiça, eu amo meu filho."

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Maze Runner: Correr ou Morrer!

(Foi muito difícil fazer essa resenha sem contar grandes spoilers) Na terceira semana seguida onde contava com estreias de filmes baseados em livros, primeiro veio Se Eu Ficar e depois O Doador de Memórias, chegou a vez de Maze Runner: Correr ou Morrer. O filme conta com um elenco jovem porém forte, entre os atores temos o Dylan O'brien (de Teen Wolf), Kaya Scodelario (de Skins), Will Poulter (de As Crônicas de Nárnia) e Thomas Sangster (de Game Of Thrones). Dylan e Kaya em particular são os novos queridinhos do público da tv em seus principais papeis, cada um na sua respectiva série, Kaya entre os fãs de livros foi disputada a tapa para o papel de Luce da saga Fallen, mas Maze Runner venceu. (todos os fãs de vários livros sonharam com a Kaya no elenco de possíveis adaptações) E se tinham alguma dúvida, agora não temos mais, Dylan e Kaya irão crescer muito como atores, são apostas para o futuro não tão longe.

Maze Runner narra fatos acontecidos num futuro após uma explosão solar ter destruído quase todo o planeta, e com a explosão foi desencadeado um vírus capaz de matar qualquer pessoa. Para descobrir uma cura, foi criado um projeto para estudar a mente de alguns humanos e buscar a cura. Para realizar esses testes, foram aprisionado no centro de um labirinto as pessoas selecionadas. O grupo que só contém garotos, passaram cerca de três anos presos até a chegada de Thomas (personagem do Dylan) que desencadeia todos os fatos ocorridos no filme. Esses garotos são jogados no labirinto sem memórias, lembrando só o próprio nome, e  passaram a viver em uma espécie de aldeia e começaram a mapear todo o labirinto sem achar uma saída. Na Clareira (o local onde eles moram) tem algumas regras para a sobrevivência do grupo, como por exemplo nunca entrar no labirinto quando quiser e nem sozinho. Thomas quebra as regras, e começa a descobrir muito mais do que os outros descobriram.


E todo mês um novo jovem e lançado na clareira onde montaram sua aldeia, mas algo está mudando e pouco tempo depois da chegada de Thomas, chega Teresa (personagem da Kaya) a primeira garota do grupo e diferente de todos os outros, Teresa reconhece Thomas. E com ela vem um bilhete "Ela será a última.Tudo vai Mudar." E realmente, após a chegada de Teresa, o filme fica eletrizante.


Conflitos dentro do labirinto são travados em todas as cenas, e tenho de admitir que fiquei a maioria do filme com a boca aberta. A ação não para em quase nenhum momento. E desde o primeiro minuto do filme os mistérios da história são desvendados, mas muitas perguntas ainda ficam após o filme acabar, o que irá ser narrado na próxima parte da história não faço ideia, mas teho certeza de que será genial. Apesar de sempre estarem correndo o risco de morrer, muitas mortes acontecem, mas nenhuma é de algum personagem principal ou cativante, as "grandes" mortes, como sempre ficam para o fim.

E igualmente a Se Eu Ficar e O Doador de Memórias, o final de Maze Runner é incrível e psicoticamente fabuloso e genial. (O que não irei comentar para não dar spoiler) Por favor, você não pode perder Maze Runner. E lembre-se: Cruel é bom.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Estreia: O Doador de Memórias




Filme baseado no livro de mesmo nome, escrito por Lois Lowry, é mais uma distopia onde o personagem principal, vai contra as regras de toda a sociedade e de seus líderes para buscar a verdade. Jonas, o personagem principal poderia ser mais um Katniss ou Beatrice da vida. Mas a história é cativante e fará você não conseguir comparar ele com outros heróis. Na comunidade de Jonas não existe doenças nem guerras, mas também não existe sentimentos e nem memórias do passado humano. E uma pessoa é encarregada a armazenar estas memórias, de forma a poupar os demais habitantes do sofrimento e também guiá-los com sua sabedoria. De tempos em tempos esta tarefa muda de mãos, e agora esse papel é do Jonas.


O filme tem início em preto e branco (e muito além disso, é como as pessoas veêm tudo, preto e branco, sem diferenciação) e com uma narrativa do próprio Jonas explicando a sociedade futurística em que vive, ele conta sobre os costumes, regras e divisão social. Em relação a essa divisão social, ao chegar em uma certa idade, os jovens são destinados a cargos que terão pelo resto da vida. Na cerimônia Jonas é deixado por último, e ao ser comunicado sobre o seu cargo ele descobre que: Será um Recebedor de memórias, sua tarefa será difícil e logo é comunicado que sofrerá muita dor na nova tarefa que não será nada fácil. Até aqui eu estava achando muito parecido com divergente, mas depois tudo mudou.

Para conseguir cumprir sua tarefa como Recebedor de memórias, Jonas passa a ter um instrutor, eles tem um elo através de uma mancha de nascença (que eu não entendi muito bem como acontece). Ao aproximar as manchas de ambos, eles compartilham as memórias que foram retiradas de todos na sociedade.  Como nessa nova sociedade, as pessoas não têm memórias sobre o passado da população, e não têm nenhum tipo de emoção e vivem roboticamente na mão do governo, só uma pessoa na sociedade sabe de tudo o que acontece: o instrutor de Jonas, que é chamado de Doador, por doar para Jonas essas memórias do passado. E no momento em que eles começam a dividir essas memórias, Jonas começa a ver a verdade na sociedade e começa a pensar em como poderá acabar com o tipo de vida que levam (e é nesse momento o filme passa a ter cor, porque ele vê que existe diferenças.) É explicado que as memórias foram retiradas das pessoas para tornar todos iguais e evitar ódio, raiva, inveja e principalmente guerras.

As memórias dadas ao Jonas são um caso a parte, pois são lindas imagens de povos, culturas, religiões, costumes e personalidades. Por exemplo quando o Doador quer transmitir força para Jonas, ele dá para Jonas memórias do Nelson Mandela.

Outro recebedor já tinha passado pela sociedade antes de Jonas, essa recebedora a Rosemary, que é interpretada pela Taylor Swift (que tem poucas cenas, mas bem feitas com uma boa interpretação), porém ao ter acessos ás memórias de guerras ela desiste de ser uma recebedora. E ao desistir de sua tarefa, ela é morta (pelo menos é o que da para entender), pois todos que não conseguem cumprir suas tarefas são mortos. Mas Jonas ao receber todas as memórias do passado, se mantém forte e começa a lutar para libertar a sociedade, família e amigos. Mas seus planos são dificultados, quando a "vilã" interpretada pela Meryl Streep descobre os planos de Jonas e do Doador. Ela é a líder da comunidade, e faz de tudo possível para impedir seus planos. (Meryl é um caso a parte, ela na verdade não faz uma vilã, ela é uma protetora da sociedade que acha correta, e da uma certa humanização a personagem.)

O elenco coadjuvante, da um show, principalmente a Katie Holmes que interpreta Fiona, que é melhor amiga de Jonas e por quem ele se apaixona. Na reta final da trama a personagem cresce no filme, e enquanto Jonas corre para salvar todos, Fiona está na cadeira da morte por ter ajudado ele. E ainda falando do elenco, eu achei todo o elenco incrível, porém o ator que faz o Jonas fraco comparando com os outros.









Depois da metade do filme, muita coisa acontece, ação em cima de ação, o que consegue tirar o fôlego de quem assiste. O único defeito que eu tenho de citar é queo filme, que na série de acontecimentos fortes do final ele acaba do nada, quase bruscamente. Eu fui assistir esse filme sem saber nada, e sai querendo mais. Se você é fã de distopias, não poderá perder O Doador de Memórias.

sábado, 6 de setembro de 2014

Se Eu Ficar

Irei começar pelo fim (e desculpe o palavrão) "PUTA MERDA!" Foi o que eu mais pensei no filme e foi minha reação ao acabar o filme.

Baseado no livro de Gayle Forman de mesmo nome, Se Eu Ficar é estrelado por Chlöe Grace Moretz e Jamie Blackley. Mia Hall (Chlöe Grace Moretz) é uma prodigiosa musicista que vive a dúvida de ter que decidir entre a dedicação integral à carreira na famosa escola Julliard e aquele que tem tudo para ser o grande amor de sua vida, Adam (Jamie Blackley). Após sofrer um grave acidente de carro, a jovem perde a família e fica à beira da morte. Em coma, ela reflete sobre o passado e sobre o futuro que pode ter, caso sobreviva.

O filme tem algumas partes narradas pela personagem que vai nos fazendo entrar em sua vida até um dia em que ela e o irmão tem as aulas canceladas e toda família decidi sair de carro, e dai vem o grande acidente que gera todo o filme. Após sofrer o acidente Mia é projetada e vê o desenrolar dos fatos como uma terceira pessoa sem interferir, ela se torna mais uma telespectadora da própria história. Ao desenrolar dos acontecimentos pós-acidente, Mia se vê analisando o passado para decidir se deve ou não continuar viva.

Nesse passado que nos aparece através de flashbacks, conhecemos a história de seus pais (um ex-roqueiro, e uma ex-ativista) que trocaram tudo para cuidar de seus dois filhos. Conhecemos seus amigos e o seu namorado Adam que é uma estrela do rock em ascensão. Esses flashbacks, de uma maneira quebra o drama do presente (quando algo do acidente nós faz chorar, a personagem nos leva ao passado em algum momento menos dramático que o atual.)

A atuação de todos é no geral muito satisfatória, porém como fã da Chlöe Grace Moretz devo dizer que a atuação dela não foi das melhores principalmente nas cenas no hospital. Mas ela tem aquele charme da boca entre aberta que eu amo e um grande elenco de apoio que ameniza o fato.
Outro ponto positivo no filme é a sua fotografia com cenas muito bonitas e a sua trilha sonora que é muito boa, porém não conhecida pelo grande público, e a única música que todos irão conhecer é uma versão de Halo da Beyoncé.


Particularmente, fui assistir esse filme esperando ser devastado igual aconteceu em A culpa é das estrelas. Isso não aconteceu, mas Se Eu Ficar me tirou boas lágrimas, principalmente na cena do avô da Mia no hospital que foi a cena mais emocionante do filme. Mas o pior (ou o melhor) é o final, que como disse foi "PUTA MERDA!" e apesar de ter ficado o filme todo com a sensação de estar faltando algo, me fez sair do cinema pedindo uma continuação.





"Se  vai viver ou morrer só depende de você."