Sei que como jornalista, teria de fazer
uma crítica impessoal, sem meus sentimentos expostos aqui. Mas não
consigo, não nesse caso.
Cheguei bem antes do horário da
sessão que pretendia assistir, com medo de se esgotar os ingressos,
do filme segundo eu pensava o mais esperado do ano. Comprei meu
ingresso e me sentem tomando um café preto num café que ficava na
frente da saída do cinema. Quando as sessões de A culpa é das
estrelas acabavam era fácil notar, porque pessoas saindo limpando
suas lágrimas e com suas camisas escritas Okay chamavam a atenção.
E eu pensava “Será que o filme é tão bom assim?” Eu li o livro
um ou dois anos atrás, eu sabia a história, eu naquela tarde tinha
acabado de reler e chorar relendo. Sabia o que esperar. Mas estava
errado.
Entrei na sala trinta minutos antes do
filme começar, e para o meu espanto a sala permaneceu vazia. O que é
estranho, desde o grande sucesso do livro, todos em todas as redes
sociais postam trechos do livro. Todo mundo comenta sobre a história.
E na estreia o cinema vazio? Sem nenhum grande cartaz anunciando o
filme? Achei super estranho.
O filme começou, Hazel Grace
lindamente interpretada pela Shailene Woddley, com o seu humor
comentando sobre os efeitos do câncer na vida das pessoas abre o
filme. Ansel Elgort docemente interpretando Augustus Waters cativou o
público no primeiro sorriso cafajeste no literal coração de Jesus.
O filme cativou os poucos na sala.
Um pouco antes da metade do filme, onde
Hazel tem uma recaída, muitos já estavam em lágrimas, e devo
confessar eu também. A única pessoa talvez que não estava chorando
era uma moça uma cadeira depois de mim, essa ria e ria da amiga do
lado que também chorava. Mas não foi uma risada baixa que só quem
estivesse no lado, que para o meu azar era eu, ouvisse. O cinema todo
podia ouvir, e no meio de lágrimas a risada irritava. Tinha momentos
em que a risada era obviamente inevitável, Augustus, Hazel e Isaac
tiram risada fácil de você. No mesmo momento em que você chora,
você ri. O filme é todo uma montanha russa de emoções.
Mas o final eminente da morte de
alguém com câncer, paira o filme todo, e para quem não conhece a
história, a grande vítima dessa doença surpreende por ser quem
menos espera. Não estou aqui para contar spoiler do filme, apesar de
saber que se você procurou esse post, já deve saber o final.
Enquanto eu e todos os outros
chorávamos com o desfecho do filme, a moça ao meu lado ria. E eu
abro uma reflexão aqui. Só quem tem um coração mole, que é o
meu caso, ou quem tenha perdido alguém especial pro câncer, que
também é o meu caso, ou simplesmente quem prestasse atenção no
filme, que não era o caso da moça ao meu lado, seria capaz de se
emocionar e ou chorar com o filme. Se você como eu, perdeu alguém
especial, jovem e sonhador para o câncer, vai entender a dor. Vai
senti-la, e aqui cito ipsis litteris do livro “Esse é problema
da dor, ela precisa ser sentida.”
O filme é incrível ( e farei um post
técnico sobre ele), emocionante e cativante. Com trilha sonora
devidamente escolhida, desde a doce Birdy até o romântico Ed
Sheeran. Os créditos que alguns minutos fica paralisado em um
infinito de estrelas toca All Of The Stars do Ed Sheeran, e ao embalo
da linda música, todos tirando a moça ao meu lado que saiu assim
que o filme acabou, choraram e apreciaram a música, era capaz de
ouvir cada um naquela sala chorando. E eles provavelmente também me
ouviam. Nós sentíamos a dor, e a entendemos. E ao sair da sala após
todos os créditos, todos, e agora posso dizer todos, com os rostos
vermelhos de chorar, indo para o banheiro limpa-los... Por que essa é o tipo de história que
com toda a certeza muda você. A capa do livro trás as seguintes palavras: "Você vai rir, vai chorar e ainda vai querer mais" e é exatamente isso que irá acontecer.
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